Obrigada pelas cervejas divididas
nos bares de esquina que você me levava. E pelas noites nos motéis baratos em
que me abraçava e jurava que nunca iria partir. Obrigada pelos rolês errados e
pelas noites certeiras em que nós não fazíamos nada, mas parecíamos mais
felizes do que qualquer outro dia. Obrigada por te me apresentado seus amigos e
ter me deixado fazer parte da sua vida mesmo quando você já sabia, no fundo,
que eu não duraria muito tempo.
Obrigada por ter me feito sentir
especial. Por ter aumentado meu ego. Por ter me acompanhado nos jantares de
família, nos aniversários dos meus amigos e nas datas comemorativas que diziam
que você deveria me amar. Obrigada pelas flores, mesmo que elas tenham morrido
junto com todas as suas juras de um futuro que nunca chegou. Obrigada pelo amor
que você nunca me deu de verdade.
Obrigada pelas risadas. Pelas
tardes de domingo na sua casa, pelas segundas-feiras em que ficamos deitados no
meu sofá. Obrigada pelos planos que não deram certo e pelas noites sem planos
que acabaram na sua cama. Obrigada por ter me levado às alturas e por ter me
jogado no chão sem paraquedas ou cama elástica lá embaixo.
Obrigada pelas pingas que me deu
para experimentar. Pelos jogos de futebol que me fez assistir. E pelas peças de
teatro que me levou. Obrigada pelo show da minha banda preferida. Por ter me
aguentado gritando e desejando aquele homem em cima do palco mil vezes mais
bonito do que você. E obrigada por ter me feito acreditar que não importava que
ele tivesse mais beleza, você ainda era melhor que ele. (Quando, na
verdade, não era).
Obrigada por ter cuidado de mim
nos meus porres. Por ter me levado ao hospital por causa de qualquer gripe
besta. E por ter entendido meu mau humor na TPM. Obrigada pelos remédios de
cólica que comprou, sabendo como eu sofria com tudo isso. E obrigada por ter se
importado quando eu quase morri do coração achando que tinha engravidado.
Obrigada por ter sido o melhor
pior namorado do mundo. Por ter fingido tão bem, a ponto de me fazer imaginar
uma vida toda ao seu lado, com cachorros, filhos e uma casa com churrasqueira.
Obrigada por ter tentado, mesmo enquanto seu íntimo te pedia para correr e
buscar qualquer outra coisa (ou pessoa) que não fosse eu. Obrigada por ter
tentado fazer as coisas da melhor forma, mesmo que você tenha acabado da pior
forma possível. Obrigada por ter me traído.
Obrigada por ter pedido
desculpas. E por ter mentido dizendo que se importava com o meu coração
partido. Obrigada por ter dito que não havia outra pessoa. E obrigada também
por ter desfilado com ela tão cedo por aí. Obrigada por ter me ensinado um
pouco mais sobre o amor e, ainda mais, sobre o desamor. Obrigada por ter ficado
e, principalmente, por ter ido. Te agradeço mesmo, do fundo do meu coração, por
ter batido a porta e me deixado destroçada entre os pedaços do nosso passado.
Porque ainda que tenha doído, você me fez o favor de me arrancar da ilusão de
algo que nunca foi. Então, amor, obrigada. Pelo gran finale dos nossos bons tempos: ter me livrado de você.
Texto escrito pela colunista Érica Maria