Crônica: Pressão

    As meninas chegaram em casa eufóricas, aos berros. A mãe se assustou e, berrando para ser escutada, questionou-as:

    - Que há?

    A primeira menina respondeu;

    - Consegui, mãe!

    - Sim. O que?

    - Ela ganhou mãe! – respondeu, pela irmã, a segunda menina.

    - Sim. O que?

    - Ora, mãe, você devia estar lá!

    - Por que você não foi mãe? Você me deve esta, para sempre!

    - Devo? Quanto?

    - A eternidade! Você é uma mãe ausente!

    - Quando vão falar o que está acontecendo?

    As duas garotas se olharam. Subiram correndo para o quarto, rindo em alto e bom som.

    - Elas me deixam louca! – resmungou a mãe. Dez minutos e chega o garoto.

    - Mãe, consegui!

    - Sim. O que?

    - Mãe, foi show, demais! Por que você não foi

    - Onde?

    - Ora, mãe! LÁ!!!

    - Eu ainda faço o pior.

    - O que, mãe?

    - EU TE MATO se você não me disser o que está acontecendo!

    - Não precisa tanto, mãe – defendeu-se o menino.

    - O que precisa para você me falar a razão de toda esta louca euforia?

    - Ora bolas, mãe, qual é, hein? – e o garoto subiu ao seu quarto.

    A mãe respirou fundo e voltou aos afazeres. Chega o marido e lhe diz sorridente:

    - Meu bem, consegui!

    A mulher pega a panela de pressão suja sobre a pia e acerta o marido.

                                                                                                   por Diego B. Oliveira